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Mostrando postagens de 2011

Palhaços

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Ele era realmente, com o perdão da palavra, um pentelho. Pense em um cara chato, daqueles bem chatos; pensou? Bem, agora multiplique esse seu chato por cinco e você, talvez, tenha uma pálida idéia deste meu conhecido. Ele é aquele tipo de cara que não pede, implora, que não conversa, discursa, que não dialoga, monologa, que quando você pergunta “e daí, como vai?”, explica como vai e acrescenta, ainda, como vai a família... Pra te dar uma idéia, seu pai, que é maçom, consegue que ele entrasse para a Ordem DeMolay. No primeiro desfile, em um 7 de setembro, como não podia falar para chatear alguém, raspou a cabeça e ficou a noite inteira acordado bebendo para, no desfile, com a capa preta da Ordem, ficar a cara do Nosferatu. Com tanta chatice, até hoje é um mistério, tanto para mim quanto para meus amigos, como ele podia estar sempre no grupo, conversando, bebendo, chateando, chateando, chateando... Foi numa dessas oportunidades, em que estávamos numa sorveteria, junto com algumas menina

O Díptero

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Seu nome, na verdade, poucos sabiam; quiçá apenas seus amigos mais chegados, seus ‘confirmados’, como costumava dizer. O apelido, ganhara em uma das inúmeras aulas sem que o vi ‘voando’, pensando no último artigo científico que lera, no último projeto eletrônico ou no filme de sempre (um besteirol chamado A Vida de Brian, do Monty Python). Foi assim: o professor era um tremendo sacana e fez, a um dos alunos, uma pergunta daquelas bem babacas, do tipo: “se você seguir por essa rua, onde você vai dar?” Meu amigo, nesse momento, despertando do devaneio, saltou rápido com as palavras: — Vou dar no quartel. O que fez com que todos ríssemos com gosto. — Pô, moscão, e a pergunta nem era pra ti... As risadas, então, se transformaram em gargalhadas, e dali pra frente todos (com exceção, quiçá, dos ‘confirmados’) passaram a chamá-lo de Moscão. No princípio, ele odiou o apelido maldoso; mais de uma vez eu o vi atirar pedras em quem o chamasse desta forma, mas com o tempo, foi se afeiçoando e, qu

Justiça austriaca autoriza ateu usar escorredor de macarrão na cabeça em foto de carteira de motorista por motivo religioso

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Depois de um período afastado por motivos pessoais (final de semestre na Universidade, seminário em Rio Grande , esposa com emprego novo e eu transformado em ‘rainha do lar’...), estou de volta com uma notícia sensacional: Um ateu ganhou na Justiça da Áustria o direito de aparecer na foto da carteira de motorista usando um escorredor de macarrão na cabeça como um “símbolo religioso”. Niko Alm fez o pedido depois de tomar conhecimento que a cobertura na cabeça em fotografias só é permitida em caso de necessidade religiosa. Então, ele disse ser seguidor da “religião” massafari (uma mistura de massa com rastafari – em inglês funciona melhor: pastafari) O austríaco, que teve que comprovar ser psicologicamente apto para dirigir, afirma frequentar a Igreja do Monstro de Espaguete Voador. O pedido demorou três anos para ser aprovado, informou o “Huffington Post”. Agora, Niko quer que as autoridades austríacas reconheçam oficialmente o massafarianismo como uma religião. A “seita” macarrônic

Poderia Adão não ter comido a maçã?

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Duvido que alguém no ocidente não conheça a história do pecado original, aquela que conta como Jeová, tendo posto o ex-boneco-de-barro Adão e sua ex-costela Eva no paraíso apenas lhes exigiu que não comessem da árvore do conhecimento. Mas a serpente tentou Eva, e esta a Adão, enfurecendo o locatário do Éden que os expulsou sem ao menos dar notificação de despejo ou permitir que consultassem um advogado (apesar de que alguns maldosos dizem que os advogados nessa época, ainda não tinham sido inventados por Lúcifer). Mas afora o fato de serpentes falarem, da dúvida sobre se os primeiros humanos tinham umbigo e de como o primeiro casal, tendo três filhos varões (Caim, Abel e Sete), conseguiu ter netos, a grande questão que me intriga nesta história toda é se Adão e Eva tiveram escolha ou se o consumo de pomos proibidos fazia parte de sua carga genética. Em outras palavras, existe mesmo o livre arbítrio? Podemos escolher entre o bem e o mal (supondo-se que o bem e o mal existam e não sejam

Memética

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Como é formada nossa consciência? Será que as idéias também seguem a evolução darwinista? Como surgiu a teoria dos memes? Quais seus principais defensores? Tudo isso e muito mais em um papo alegre e recheado de muito rock'n'roll, este é o Rock com Ciência, programa do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Viçosa, vale à pena conferir (não fique só neste, eu sou fã de carteirinha). Acesse http://www.rockcomciencia.com.br/?p=937 , baixe ou escute no próprio site e saiba um pouco mais sobre este assunto.

Aleluia, Ataxerxes!

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Dia desses uma conhecida minha, evangélica, que vez por outra lembra de ter a sagrada missão de tentar converter esse descrente, lançou-me uma frase: Jesus é meu melhor amigo. Explicou-me, também, que é a Jesus que recorre quando está triste, quando tem problemas, quando tem dúvidas. Primeiro cogitei entrar pela enésima vez no campo da razão x fé, mostrando-lhe novamente que o que ela diz é absurdo, que o fato de crer-se ou de sentir-se algo não torna esse ‘algo’ verdadeiro, que o fato de um livro ter sido escrito há muito tempo não o torna detentor de uma confiabilidade maior do que qualquer outro texto, que a Aposta de Pascal (de que se você não crê e os crentes estão com a razão você está perdido, mas que se você crê e está errado você não perde nada) é um absurdo lógico, e centenas de outros argumentos que já apresentei a ela, infrutiferamente, milhares de vezes, atirando, como diz o ditado bíblico, pérolas aos porcos. Depois desisti, ela é uma pessoa cega à racionalidade, dei-me

O Egoísmo de Dawkins I

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Richard Dawkins A partir de hoje, “estarei postando” (com gerundismo, como faria o pessoal do telemarketing) artigos objetivando explicar a teoria evolucionista do Gene Egoísta, de Richard Dawkins. Como o assunto é muito extenso, não a farei em um único post. Para começo de conversa, hoje, falaremos sobre o que são genes. Vivemos em uma era de informação. Neste momento, por exemplo, você está acessando informação na tela de seu micro. A informação que você vê, entretanto, é uma tradução do que está circulando nos chips de sua máquina, que não passam de sinais de ligado e desligado (ou 1 e 0, respectivamente). Toda a imensa diversidade de informações – jogos, homepages , vídeos, fotos, arquivos de texto, vírus...) não passam de combinações destes sinais interpretados pelo processador. Como é possível? Bom. Analise o primeiro parágrafo do presente texto. Quantos sinais diferentes temos no excerto destacado? 22 (abcdefghijklmnoprstuvx) se contarmos somente as letras (ignorando pont

Pet’sRapture, uma nova proposta empresarial

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Estou abrindo uma empresa para atender um nicho de mercado inexplorado, pretendo atender bichinhos de estimação para o público evangélico. O nome da empresa será Pet’sRapture. Tudo começou com minha ignorância confessa em alguns temas religiosos. Sabe, tenho que confessar: passo tanto tempo lendo ciência, HQ, filosofia, história e outras bobagens, que raramente dedico um tempo à religião. Quando jovem cheguei a ler a bíblia, o alcorão, o bhagavad gita, os livros dos mortos egípcio e tibetano e o outros textos sagrados, mas a velhice vai chegando e começamos a deixar essas coisas sérias de lado e partimos para as bobagens. Atualmente, em vez da bíblia estou lendo Steven Pinker. Graças a esta ignorância religiosa, desconhecia uma das mais interessantes teorias do cristianismo: o arrebatamento. Confesso (esse blog, hoje, está virado num confessionário) que me despertava curiosidade quando via adesivos “em caso de arrebatamento este carro ficará desgovernado” colados em automóveis, mas não

A Vingança dos Nerds

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Quero começar este texto sobre o Dia do Orgulho Nerd com uma afirmação: Eu não sou nerd. Entretanto, como tenho vários amigos que o são, hoje vou falar um pouco desta data. Em 25 de maio de 1977 estreou nos cinemas americanos Guerra nas Estrelas, primeiro filme de uma franquia que é um dos símbolos da cultura nerd e que rendeu bilhões para o igualmente CDF (como se chamava no meu tempo) George Lucas. Tive o privilégio de assistir à fita em 1977, com sete anos, junto com meu pai, no Cine Avenida, em Uruguaiana. Em um outro canto da galáxia, uns anos depois, o inglês nerd e ateu Douglas Adams lançava O Guia do Mochileiro das Galáxias, série de cinco livros que trata com muito bom humor questões filosóficas profundas (embora às vezes não pareça na primeira leitura). O guia que dá título à série seria um manual para os viajantes interestelares, e um de seus conselhos é o de que sempre se deve portar uma toalha, pois esta seria imprescindível para o mochileiro nas mais diversas situações. A

Macaquinhos muito bem remunerados

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Ilustração: Mauro Souza e Chris Borges Quem nunca pagou um mico na vida aí que levante a mão! Situações embaraçosas acontecem com todo mundo. Sabe aquele lance de ver uma mulher que não avistava há tempos, constatar que ela está com uma barriga grande, perguntar se ela está grávida e ela responder que não, mas que vai fazer regime? Pois é, desse tipo de coisa que falo. Mas se a situação, vez ou outra, acontece com todos, ela parece ter certa preferência por algumas pessoas, e uma destas pessoas é, certamente, minha mulher, a ponto de, nas reuniões de família, seus ‘micos’ serem pauta à exaustão. Tem uma famosa vez, por exemplo, há muitos anos, quando nosso primeiro filho, hoje com 17 anos, ainda era bebê de colo e fomos a um casamento. Puseram-nos em uma mesa junto a outro casal (desconhecido) e minha mãe. A outra mulher, que também tinha um rebento no colo, passou a tagarelar com a minha e logo descobriram algo em comum: o nome das duas crianças era Gustavo. Minha mulher ficou feli

O Capelão do Diabo e as moscas sem asas

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No último dia 19 desenvolvemos um trabalho sobre darwinismo na faculdade e pude constatar o quanto a Seleção Natural, postulada por Darwin-Wallace ainda agita os ânimos. Não vejo uma mesma exacerbação de posições, por exemplo, quanto à Teoria da Relatividade de Einstein. Se pensarmos um pouco, logo nos damos conta do óbvio: a Teoria da Evolução é tão controversa por tratar daquilo que mais nos é caro: a vida. Mas essa polêmica não é nova. O próprio Darwin tinha pesadelos ao pensar sobre o quanto sua teoria afetava a visão religiosa de mundo, a ponto de ter afirmado que, por sua teoria, poderia ser considerado o Capelão do Diabo, no sentindo que sua proposição ‘matava’ o conceito de deus. Ainda assim, às vezes ainda me surpreendo o quão pouco as pessoas compreendem a Teoria da Evolução das Espécies e o quanto, sem compreendê-la, se posicionam contra ou a favor. Buscando colaborar na evolução da compreensão da Evolução (com o perdão do trocadilho) e, assim, subir o nível da discussão, ex

Dia Internacional de Desenhar Maomé

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Hoje é o Dia Internacional de Desenhar Maomé, uma iniciativa vem seguindo um cartoon concebido por Molly Norris, o qual surgiu em reacção à censura do episódio do South Park em que Maomé era representado disfarçado de urso e das inevitáveis ameaças subsequentes à integridade física dos seus autores. O objetivo da manifestação não é ofender, mas sim propiciar uma reflexão sobre a liberdade de expressão e dizer um não ao tolhimento da citada liberdade. Nesse sentido, segue abaixo minha modesta contribuição: * Segundo o Google Tradutor, no balão está escrito em árabe: "Viva Dawkins"

A hostilidade do macaco nu

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Na abertura da Semana Acadêmica das Licenciaturas da Unipampa de Uruguaiana tivemos um excelente debate sobre “as dores e as delícias de ser professor”. O tema, interessantíssimo para quem, como eu, está se preparando para, um dia, assumir uma classe, foi bem trabalhado por quem entende do assunto: professores. Mas dentre tudo, o que mais me chamou a atenção foi um questionamento de um dos alunos sobre os recentes incidentes envolvendo violência em sala de aula. Citaram-se desde casos de professores agredidos e bulling , até o caso do atirador da escola do Rio de Janeiro, tristemente famoso nacionalmente. O debate surgido do tema proposto pelo discente fez-me pensar, e pensar faz-me querer escrever sobre o tema. Vamos nos olhar de frente: nós somos macacos violentos. É, leitor, você entendeu certo: macacos. Se você ainda não leu “O Macaco Nu”, de Desmond Morris, faça-o o mais breve possível e você vai entender do que falo. E também sim, não só macacos, mas macacos violentos. “Espera aí

Lição de tolerância

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Quando a professora chegou à aula naquele dia estávamos em ebulição. Bulling , embora não tivesse esse nome naquela época, era um fato muito mais corriqueiro do que agora, uma vez que tinha a aceitação do fato consumado, de “o mundo é assim mesmo”. Ela nos olhou contraindo o cenho, indicando que não estava para brincadeiras, colocando-nos em nosso lugar de aluno, seres inferiores a serem conduzidos como tropa pela professora que não permitia contestação, mormente naqueles tempos de ditadura militar. Olhei-a nos olhos sem desafio, tentando compreender o que ela queria nos passar com aquele semblante carregado, ela me olhou como se não me enxergasse e explicou-nos: — Como a professora de vocês está doente, de laudo, eu sou a nova professora de religião. A turma ficou em suspenso. A antiga professora, pelo menos, demonstrava-se simpática em seus ensinamentos inúteis sobre céu e inferno; a nova, apresentava-se como Tomás de Torquemada pronto para a guerra pela fé. — Sobre o que vocês fala